A radiação nuclear pode propagar-se por várias vias, incluindo o ar (sob a forma de partículas ou gases transportados pelo ar), a água (fontes de água contaminadas) e o solo (através da deposição de materiais radioactivos). Pode afetar o ambiente e a saúde pública nas áreas circundantes, dependendo de factores como os padrões de vento, a precipitação e as caraterísticas geográficas. Na eventualidade de um acidente ou explosão nuclear, a radiação pode propagar-se a grandes distâncias, afectando áreas povoadas e ecossistemas distantes da origem do incidente.
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Radiatividade na Península Ibérica
O Perigo de Disperção de Radiotividade na Península Ibérica
Estudo na Península Ibérica
A central nuclear mais próxima de Portugal é a Central Nuclear de Almaraz, construída em 1973, em Espanha.
Após um acidente em 2017, com um reator nuclear com cerca de 60 anos, em Flamanville (França), alguns especialistas afirmam que Almaraz “tem o mesmo tipo de reator”. Estes reatores são classificados como “de segunda geração” e estão cada vez mais obsoletos, devendo por isso ser atualizados para “reatores de terceira geração” ou desmantelados.
A deterioração destas centrais apresentam uma ameaça à segurança pública. De acordo com peritos na matéria “os acidentes podem acontecer, estas centrais não são mais seguras”. Lembrando que o último incidente em Almaraz aconteceu porque “um botão não funcionava e acabou por comprometer a bombagem de água de um dos circuitos”.
LEITE FERREIRA, Marta. 7 perguntas e respostas para entender as
centrais nucleares. 2017. Disponível em observador.pt
Acesso em: 16 out. 2024.
Central Nuclear de Almaraz
Fonte: Público, 2017
Um pequeno acidente nuclear em Almaraz, que afete inicialmente apenas 1 m poderá propagar-se até 4,8 m, um acidente que afete inicialmente 10 m poderá expandir-se até 48.3 m, e assim sucessivamente… Isto quer dizer que mesmo em Portugal os efeitos podem ser nocivos.
Risco de Conflito Armado ou
Ataques Deliberados
Num mundo onde infraestruturas críticas se tornaram alvos estratégicos, as centrais nucleares representam um ponto vulnerável em caso de conflito ou ciberataque.
A guerra na Ucrânia trouxe à luz o risco real de centrais nucleares serem atacadas. A central de Zaporizhzhia, ocupada por forças armadas, é o caso mais alarmante dos últimos anos — várias trocas de tiros ocorreram nas imediações, com risco de desastre nuclear iminente segundo a AIEA .
Embora a Central de Almaraz esteja localizada em território espanhol, a sua proximidade com Portugal torna-a uma preocupação binacional, especialmente perante tensões geopolíticas crescentes. Um eventual ataque terrorista ou sabotagem não pode ser excluído, sobretudo perante o envelhecimento das infraestruturas e o clima de polarização política e militar.
Risco Sísmico
Apesar de a Península Ibérica não ser uma região de alta sismicidade, eventos sísmicos relevantes não são impossíveis. A central de Almaraz não foi projetada com os padrões sísmicos modernos, o que levanta preocupações em caso de um sismo inesperado de maior magnitude. De acordo com especialistas ouvidos pelo Público, “o risco sísmico pode ter sido subestimado na fase de construção da central”, e não estão publicamente disponíveis estudos recentes que comprovem a resiliência da estrutura a terremotos atuais .
Em 2007, um terremoto de magnitude 6.6 danificou a central Kashiwazaki-Kariwa no Japão, causando derrames radioativos e a paralisação prolongada da instalação. Fonte:
World Nuclear Association